Pular para o conteúdo principal

Relato de amamentação parte #2 Manual da pega


Como eu já relatei no post anterior a amamentação não é só bebê perto do peito e tudo ok! As vezes até pode ser, mas não é 100% garantido que será assim com você, e se não for tudo bem, não há porque desesperar. Podem existir vários problemas ou nenhum, conforme disse inicialmente tive 3 problemas e apresento as soluções para eles. 
Pena não ter sabido antes de ficar com a mastite. Atenção, se tiver febre e tiver com a mama cheia demais e dolorida pode ser sim mastite, procure um banco de leite humano, o atendimento é ótimo, gratuito e quanto antes buscra ajuda melhor. Também existem consultoras de amamentação que podem dar a orientação e os cuidados adequados a cada caso. Eu fui ao banco de leite referência, que fica no Instituto Fernandes Figueira da FioCruz, divulgo mesmo, pois a causa é nobre e o pessoal lá é muito competente e humano, só tomei antibiótico porque era realmente necessário e isso não impediu a amamentação. Dou o serviço direitinho no final dessa postagem. E falo sobre medicamentos e amamentação em um próximo post pra não acumular muita informação.

Então vamos as simples soluções:

“Não sabia a diferença entre a sucção que mama e a sucção pra se acalmar e se confortar, que alguns chamam de chupetar (não uso esse termo porque o bebê não faz o peito de chupeta e sim a chupeta de peito, e se querem saber minha opinião sou contra chupeta um dia desses digo os meus motivos num post).”

Muitos bebês usam o peito para obter conforto e segurança através da sucção, porém existe uma sucção em que não está sugando leite. A produção de leite é estimulada quando o mamilo é estimulado e se produz e não é consumido vai se acumulando o que pode dar problema.
Alguns bebês fazem isso por pega errada ou por preguiça, porque mamar exige um certo esforço, tanto que alguns bebês transpiram muito durante a mamada. Outros porque começam a dormir e perdem a força da sucção. Se o problema não for a pega errada a solução é muito simples. Com a ponta do dedo indicador toque a bochecha do bebê e faça um movimento circular, pra frente ou pra trás, a intenção é cutucar o pequeno trazendo ele de volta ao foco, ou seja, a mamada.

Meu outro problema foi:

“Meu bebê dormia 8h a noite e eu achava ótimo porque dormia também e portanto não o acordava”

Voce está lendo e provavelmente pensando: como assim um recém nascido dorme 8h seguidas? Pois o meu dormia. E você deve estar pensando, que maravilha de bebê não é um problema, isso é maravilhoso. Só que não. O contato e o vínculo entre mãe e bebê é necessário nos primeiros dias de vida e a natureza sábia programou os bebês pra mamarem toda hora ou a cada 3h para que esse laços sejam bem estabelecidos. O peito precisa esvaziar pra produzir mais, principalmente nos primeiros dias onde tudo é novo e está sendo ajustado. Se o bebê dorme demais nos primeiros dias, e você tem pena de acordar, tenha pena de si mesma, pois seu corpo pode entender o acumulo de leite como um corpo estranho e isso vira uma bela mastite. Dói é incomodo e dependendo do grau pode demorar a melhorar totalmente, então é melhor acordar o filhote.
Quanto mais vezes mamar, mais rápido vai entender como funciona e com isso diminui o risco de ter o peito machucado ferido ou rachado, como eu tive. Amamentar NÃO PODE DOER, se dói algo está errado. E eu não sabia disso e como estava com machucados sentia muuuuita dor a cada mamada e resistia bravamente, porque sou tinhosa, mas as vezes até uma lagriminha escapava, foi tenso esse período, e tudo por quê?

“A boca é muito pequena em relação a aréola (parte escura do seio)” e esqueci de dizer no outro post que meu bico era plano.



E como resolver isso?
Ajudando o bebê a por o máximo de aréola dentro da boquinha. Eu via as pessoas fazerem isso, mas não me liguei que era pra eu fazer sempre, que eu deveria ajudar o bebê, pois achava que o bebê se desenrolava sozinho. Só que não. O bico é o de menos, ele vai se formando, acreditem, meu filho tem 1 ano e mama tranquilamente no bico que ele mesmo fez. Evitem a todo custo usar conchas ou bicos de silicone, além de não ser bom pro bebê, se a higiene não for muito bem feita se tudo não for muito bem fervido você pode ganhar um fungo de presente e um longo tratamento, com remédios via oral. Nesse período pode sentir pontadas nada agradáveis em decorrência do fungo, mais uma experiência própria, usei concha 2x, o bastante pra ganhar um fungo e ficar 4 meses tomando remédio 1x por semana. Esse remédio não impede a amamentação e não atrapalha em nada na produção de leite.

Então, só resta explicar a famigerada pega pra quem tem e quem não tem bico formado.
O grande truque é muito simples e ninguém me falou nos primeiros dias, você precisa pegar a aréola do mamilo (a parte escura) e enfiar na boca do bebê o máximo que der. Como?
O ideal é você fazer um 'C' com a mão e colocar o polegar e o indicador ao lado da "divisa" da parte escura, mas já do lado de fora, na pele “normal” e unir o polegar ao indicador. Pode espirrar leite, normal e sinal de que ele tá ali pra ser consumido, assim ajuda a ter um biquinho, o calor da boquinha com a sugada vai formando seu bico e o bebê vai conseguir mamar bem.


Nunca esquecer de ficarem barriga com barriga! Achei um videozinho, se não tiver bico não vai ser igual porque o da mulher do vídeo já está bem formado, mas o esquema é o mesmo.

 
https://www.youtube.com/watch?v=8a5vH3tt6xM



Beba muita água e durma com o bebê sempre que der, estar descansada ajuda muito, depois com a prática vem as inúmeras posições de mamada, o mama sutra.





Serviço IFF
http://www.iff.fiocruz.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?tpl=home
Instituto Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz). Av. Rui Barbosa, 716 - Flamengo, Rio de Janeiro - RJ. Tel: (21) 2554-1700.

Comentários

  1. Amei amiga!
    Arrasou no post. Me deu muita vontade de ter um pequeno para amamentar. Tenho certeza que vou amar ser mãe!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigada flor, logo logo ele/a virá e vai dar tudo certo no que depender de mim vc vai ser PhD em amamentação vou ajudar vcs no que for preciso desse assunto fiquei muito entendida, pena q aprendi literalmente pela dor, mas valeu saber é bom demais, partilhar melhor ainda.

      Excluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Das perguntas: Papel higiênico, no vaso ou no lixo?

Eu vivo me fazendo perguntas e nem sempre tenho as respostas, essa pode parecer inusitada, mas sim, já pensei nisso e me surpreendi com o que descobri. Aqui no Brasil todo banheiro que se preze tem lixeira e muitos banheiros públicos tem a seguinte placa:   Em portugal encontrei a versão lusitana da coisa e acho que herdamos esse hábito deles, acho, porque não tenho a menor certeza. Quando morei fora percebi a inexistência da nossa companheira lixeira, e vi que o papel era descartado no vaso sem o menor problema. Tenho por hábito seguir os hábitos e assim fazia, até porque fora da minha casa não havia essa opção, mas quando voltei continuei usando a lixeira nossa de casa dia. Tudo muito bom e muito bem até eu me casar com um "gringo" e ele me perguntou porque não colocávamos os papéis no vaso, de pronto mais que automatico e mecanicamente respondi: "Oras, porque entope!" Pouco depois pensei, mas na França não entopia... Será mesmo que entope? Ou fom

Marseille - MuCEM

MuCEM é  Musée des civilisations de l'Europe et de la Méditerranée , deu pra entender que é o museu das civilizações da europa e do mediterrâneo, né? Esse museu novinho em folha tornou-se um capítulo a parte da  jornada em Marseille. Após um sol fortinho e um tempo de fila inútil, pois estava com o filhote a tira colo e poderia passar sem ficar na fila, passamos pela ponte que nos levaria até este museu que já surpreende arquitetonicamente. Totalmente novo, recém inaugurado, ele abriu as portas no dia 7 de junho e fui visitá-lo no dia 9, quase estreei o museu. O projeto arquitetônico mistura o tradicional e antigo forte de Saint Jean com o que tem de mais ousado e moderno, uma "renda" feita de cimento reveste o museu que é todo rodeado de rampas que permitem uma visão incrível do velho porto de Marseille, esta parte paira sobre a água e uma ponte liga o antigo e o novo, ou seja, o forte ao museu. Ainda na parte do forte havia uma cantora e dois performers, fiz fotos

Limites: o não e a negação sem o não. Nossa história enquanto o terible two não vem

Estava escrevendo o post no telefone e o bendito tocou. E eu atendi. E o post sumiu. Mas vou tentar lembrar. Afinal é um assunto da série: quero escrever sobre isso, mas enrolo.Porém, hoje estava lendo um tópico e mensagens na rede do zuck de um grupo de mães que gosto muito e que me fizeram pensar em desengavetar essa ideia, ou melhor, desencerebrar mais uma ideia entre as tantas e ecléticas que passam nessa cachola e assim pulo do flúor pra qualquer outra coisa. Garanto que são muitas ideias, mas o tempo de escrever é inversamente proporcional. O assunto é meio polêmico, posso até ser crucificada, mas como o mundo é velho e sem porteiras, cada um faz o que pensa ser melhor para si e para seus rebentos também. Sem mais delongas e rodeios o tema das próximas linhas é dizer um pouco da nossa experiência com o famigerado não. Acredito estar maternando numa geração meio termo. Pois as gerações anteriores a grosso modo se dividem em duas:  as que nada permitem e oprimem e aquela que f