Pular para o conteúdo principal

Limites: o não e a negação sem o não. Nossa história enquanto o terible two não vem



Estava escrevendo o post no telefone e o bendito tocou. E eu atendi. E o post sumiu. Mas vou tentar lembrar. Afinal é um assunto da série: quero escrever sobre isso, mas enrolo.Porém, hoje estava lendo um tópico e mensagens na rede do zuck de um grupo de mães que gosto muito e que me fizeram pensar em desengavetar essa ideia, ou melhor, desencerebrar mais uma ideia entre as tantas e ecléticas que passam nessa cachola e assim pulo do flúor pra qualquer outra coisa. Garanto que são muitas ideias, mas o tempo de escrever é inversamente proporcional. O assunto é meio polêmico, posso até ser crucificada, mas como o mundo é velho e sem porteiras, cada um faz o que pensa ser melhor para si e para seus rebentos também. Sem mais delongas e rodeios o tema das próximas linhas é dizer um pouco da nossa experiência com o famigerado não. Acredito estar maternando numa geração meio termo. Pois as gerações anteriores a grosso modo se dividem em duas: as que nada permitem e oprimem e aquela que foi filha desta e resolveu ser a que tudo permite e que não dá limites. Não quero ser de A nem B, nesse  momento vale a ponderação e o caminho do meio. Embora alguns possam crer que sou do grupo libera geral, acredito na árdua tarefa de educar sem dizer não. Melhor dizendo, usando o não de outros modos e deixando o ene a til o pra casos realmente sérios que envolvam a saúde e a integridade física do meu bebê. Tipo dedo na tomada. 
Mas aí você pode estar pensando, como fazer isso? Fácil, não é, de quebra é cansativo pacas. Mas já pensava muito no não quando falei os primeiros nãos e tive péssimas reações e acho que hoje usando nãos essenciais a coisa melhorou muito aqui em casa. Depois vi um vídeo (você pode ver o video acessando aqui - os pais devem ajudar os filhos a lidarem com limites) que só me incentivou nessa conduta e acho que o exemplo e a experiência controlada valem muito a pena. 
Chamo de experiência controlada permitir a crinaça viver uma experiência um pouco perigosa pra ela sozinha, porém controlada pelos pais. Por exemplo, com panelas quentes, peguei no colo e disse quente em francês chaud, se fala xô. Já nas papinhas mostrava que era xô e soprava a colher. Nas panelas dizia xô e passei rapidamente a mãozinha no vapor pra ele entender que xô é uma sensação de quente. Fiz bem rápido pra não machucar só no vapor, só pra sentir a diferença de temperatura, mas de longe, por favor nada de queimar filhos. Como faço muitos bolos quando o forno tá ligado ao invés de dizer 'não põe a mão', dizemos 'xô' e ele faz um biquinho pra soprar, mas não vai lá tentar por a mão.
Quando abre a geladeira dizemos 'fecha' ou 'ferme' ao invés de 'não abre' ou 'não pode'. No lugar de 'agora não' pra uma atividade inadequada pro momento uso o 'depois', 'depois faremos isso', 'mais tarde', em alguns casos 'amanhã' embora ele não tenha noção do que é amanhã. 
As vezes eu tenho que pensar em como dizer não sem dizer não, mas vale muito a pena. Quando não pode por questão de sujeira avalio o caso, é sujo pra ele e pra saúde dele ou é criação de sujeira pra eu ter que limpar? Se for o caso 1 eu digo 'sujo, eca'. Mas nunca digo cocô, pois cocô ao meu ver não pode ser associado a algo sujo e ruim logo na fase que o desfralde se aproxima e sei o quanto bebês se orgulham de suas caquinhas. Se for o caso 2 tento minimizar a sujeirada e deixo ele explorar. 
Receita de bolo? Não tem. Mas taí o meu modus operandi no momento, se rolar terible two. Volto aqui pra gente conversar.
PS: Se vc leu esse post e está pensando que ajo assim porque meu filho é um anjo super calmo, não, não é, já teve a fase do se jogar pra trás, de bater a cabeça, no chao, na parede e contra nós, de não querer trocar ou colocar fralda, já aprendeu a gritar e ensaiar choro, só na dramatização. Tem dia que é foda, tem dia que é lindo, cada um sabe a dor e a delícia.

Comentários

  1. Li a primeira vez e gostei. Mas li agora e fez muito mais sentido! Agora que estamos aqui nesse desenrolar também, nos mesmos dilemas, e, embora eu tente minimizar os nãos, ainda acho q os uso demais. Gostei das dicas, obrigada por partilhar! Beijos

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Das perguntas: Papel higiênico, no vaso ou no lixo?

Eu vivo me fazendo perguntas e nem sempre tenho as respostas, essa pode parecer inusitada, mas sim, já pensei nisso e me surpreendi com o que descobri. Aqui no Brasil todo banheiro que se preze tem lixeira e muitos banheiros públicos tem a seguinte placa:   Em portugal encontrei a versão lusitana da coisa e acho que herdamos esse hábito deles, acho, porque não tenho a menor certeza. Quando morei fora percebi a inexistência da nossa companheira lixeira, e vi que o papel era descartado no vaso sem o menor problema. Tenho por hábito seguir os hábitos e assim fazia, até porque fora da minha casa não havia essa opção, mas quando voltei continuei usando a lixeira nossa de casa dia. Tudo muito bom e muito bem até eu me casar com um "gringo" e ele me perguntou porque não colocávamos os papéis no vaso, de pronto mais que automatico e mecanicamente respondi: "Oras, porque entope!" Pouco depois pensei, mas na França não entopia... Será mesmo que entope? Ou fom

Marseille - MuCEM

MuCEM é  Musée des civilisations de l'Europe et de la Méditerranée , deu pra entender que é o museu das civilizações da europa e do mediterrâneo, né? Esse museu novinho em folha tornou-se um capítulo a parte da  jornada em Marseille. Após um sol fortinho e um tempo de fila inútil, pois estava com o filhote a tira colo e poderia passar sem ficar na fila, passamos pela ponte que nos levaria até este museu que já surpreende arquitetonicamente. Totalmente novo, recém inaugurado, ele abriu as portas no dia 7 de junho e fui visitá-lo no dia 9, quase estreei o museu. O projeto arquitetônico mistura o tradicional e antigo forte de Saint Jean com o que tem de mais ousado e moderno, uma "renda" feita de cimento reveste o museu que é todo rodeado de rampas que permitem uma visão incrível do velho porto de Marseille, esta parte paira sobre a água e uma ponte liga o antigo e o novo, ou seja, o forte ao museu. Ainda na parte do forte havia uma cantora e dois performers, fiz fotos