É eu sei que eu tenho começado coisas por aqui e meio que abandonado, mas é que isso aqui corresponde a caoticidade de minha mente, não vai tão veloz, pois preciso de um tempo pra sentar e vomitar pelos dedos essas minhas ideiazinhas tão ecléticas. Eu comecei uma série de posts sobre amamentação e não terminei nem com a chegada da semana mundial de aleitamento materno no início de agosto, acho que é porque talvez nunca vá terminar, não porque eu não vá voltar ao assunto, muito pelo contrário, é porque vou voltar nele sempre, até o desmame do meu filho, ou não, continue nessa por muito tempo, talvez é uma militância da vida toda.
Vou continuar contando da viagem vagarosamente nesse meu ritmo de blogueira relapsa, mas por falar em militância, isso tudo que escrevi até agora é porque anteontem depois de muuuuito tempo de espera eu fui ver o Renascimento do Parto (não sabe o que é? então corre e se informa, é um documentário maravilhoso que como diz o título é sobre o parto). Quando eu estava grávida já via o trailler e pensava quando vão lançar? Demorou, mas ta aí em grandes salas de cinema fora de circuitinhos fechados pra mostrar somente pra quem já tá no movimento, o filme ta aí pro mundo. E nós (eu e marido) choramos mutiíssimo preparem seus lencinhos e esqueçam qualquer maquiagem.
Todos nós nascemos, se estamos aqui é porque nascemos, mas como nascemos? Isso que alguns dizem "ah não me lembro, ninguém se lembra de como nasceu" deixa muitas marcas pro resto da vida, marcas psicológicas, e até mesmo fisiológicas se pensarmos nas intervenções e procedimentos que acabam mal sucedidas, não é uma memória como estamos acostumados é uma memória mais instrinseca. Todos nascemos, homens e mulheres, embora só as mulheres possam parir é um assunto de extrema importância, o parto virou indústria. Uma industria nojenta e capitalista que maltrata seres humanos no momento mais importante de suas vidas, o ínicio dela.
Eu tenho tanta coisa pra dizer, e ao mesmo tempo nem tenho palavras, acho que deveria ser um filme obrigatório. É muito urgente virar essa história de parto e nascimento aqui no Brasil e em alguns outros lugares também. Amedrontaram mulheres, minaram sua coragem, disseram a elas que cesárea é chocolate e parto natural é jiló, e ao fazer a cesárea nada doce como um chocolate elas devem se perguntar: imagina se eu tivesse preferido o jiló? Outra comparação que li por aí é que colocar um obstetra pra fazer um parto é o mesmo que contratar uma pediatra pra ser babá, é uma qualificação muito alta pra algo muito simples e que nascemos aptos a fazer, nascer crescer e procriar. Não sei qual o impacto do filme a quem ainda não gesta, gestou e pariu seja lá qual tipo de parto, mas se você é humano algo ele tem a te dizer.
Você nasceu? Ou foi nascido? Se o título do filme é o Renascimento do parto significa que em algum momento ele faleceu ou está falecendo. São muitas reflexões, mas o mais importante é pensar que esse momento exige respeito. E as mulheres merecem informação, então veja o filme e se puder e propague essa ideia, dá vontade de falar muitas coisas, mas vou aproveitar o embalo pra fazer um post pra outro dia que há muito quero fazer, Desculpe seu parto foi roubado, alertando a tantas mães muitas até da família como acontece essa perversidade do sistema.
Saí da sala num misto de grande felicidade por ter conseguido parir da melhor maneira possível, dentro do que minha história de vida permitia e com muito respeito e também muita revolta pelo que podia ter acontecido e afortunadamente não aconteceu comigo graças a informação e coragem pra mudar. Mas que aconteceu enquanto eu via o filme enquanto durmo, escovo os dentes, como e escrevo esse post, agora uma mãe, uma mulher e um ser indefeso tá chegando ao mundo com o marco da dor e da violência, como pode um mundo melhor se a vida começa assim?
Abraço apertado e demorado, pois depois do filme você vai precisar.
esse é o cartaz do filme com a foto do meu parto, quer fazer um com a foto do seu? clica aqui |
Comentários
Postar um comentário